quinta-feira, 15 de abril de 2010

Dilema planetário

"Faça-se a luz”!, “Abre-te, Sézamo”!, “Abracadabra”!...
Com a primeira frase, o mundo emergiu das trevas para a luz, e foi criado – segundo o livro bíblico da Gênese; as outras frases nos remetem para o mundo da magia, da fantasia, dos contos-de-fadas, das quimeras...
Como vencer a pobreza e a desigualdade? Com intervenção divina ou mágica, pura e simplesmente. Não vejo outra alternativa, afinal, as desigualdades são históricas, tão velhas como a raça humana na Terra e foram agravadas com o capitalismo, desafiaram as mentes prodigiosas que criaram o socialismo/comunismo e servirão de tema para as teses de filosofia, sociologia, teologia, administração pública e, afinal, para todos aqueles que ousam imaginar soluções para essa mazela humana.
E não tem solução, pelo menos para daqui a alguns anos-luz, pois o fim da desigualdade e da pobreza passa, obrigatoriamente, pela humana distribuição das riquezas do mundo (e que são de todos), ideia que contraria à reinante - do capitalismo - que é a acumulação ilimitada de riquezas, alimentada pelo egoísmo e pela ganância, a propósito, inseparáveis.
A humanização (utopia) da economia mundial, em que países, povos e empresas nacionais e transnacionais ajam pensando menos em seus cofres e mais nos seres humanos que padecem toda forma possível de degradação física, moral e psiquíco-emocial, por todo o planeta. Que ajam pensando nas gerações futuras, de quem as reservas de recursos naturais estão sendo dilapidadas numa velocidade monstruosa, inversamente proporcional à capacidade de regeneração de alguns desses recursos, deixando atrás de sua extração, um rastro de destruição, na maioria dos casos irrecuperável, seja pela exaustão dos recursos ou pela contaminação da parte viva do planeta: solo, água, ar e biodiversidade.
No entanto, apesar do pessimismo dos parágrafos acima, com maciços investimentos em educação e em infraestrutura urbana, especialmente; com o combate incansável à corrupção – maior doença degenerativa do tecido social; mãe de todas as misérias -; com a diminuição da “fome voraz” do sistema financeiro, que engessa as economias terceiromundistas ao praticar juros exorbitantes, e cargas tributárias aviltantes, sobraria dinheiro para a geração de emprego e renda e poderiam cessar as práticas paternalistas e humilhantes de governos e instituições que dão esmolas, quando poderiam dar dignidade em forma de trabalho e remuneração condizentes.
Em suma, para vencermos a pobreza e a desigualdade temos que colocar, cidadãos de todas as classes e de todos os países, empresas, organizações e governos, em todos os nossos atos, a ética, esta balizadora do bem-viver, do conviver pacífico e manso, do respeito às minorias, do respeito a todos os credos e culturas, do respeito a todos os seres, da solidariedade, enfim, que é o sentimento que nos faz ver naquele que sofre, um irmão que precisa de apoio para se levantar, mas um apoio que lhe dê suporte para se levantar sem que se sinta humilhado.
Ética para bem-viver, ética para bem-dividir, ética para vencer a pobreza e a desigualdade.

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